Bakanices

31 outubro, 2011

Metalinguagem lírica




" É preciso exclamar pra que a realidade não canse..."
 Mário de Andrade


Escrever é a extensão de respirar...
Inspire-se nas esquinas, nos blogs amigos, no céu de nuvens em forma de bichos, no amor dos pássaros, no filme dublado de sábado a tarde...
Tire o que há de melhor, ou o de pior, e ponha no papel, seja virtual ou real.
Veja o que os olhos não conseguem, e os ouvidos não ouvem.
A gente desaprende a ouvir os barulhos que não são biológicos... o lirismo das folhas secas e da borboleta voando, da rua esburacada, do tédio e do riso fácil.
Escrever o que percebe do mundo é uma prática quase que esportiva, faz bem a sáude e evita o sedentarismo de ideias.

Poética

Estou farto do lirismo comedido 
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja 
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare


 Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.




Manuel Bandeira


#vercomolhoslivres






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